Três Passos ao Mundo !: março 2012

" Salaam Aleikum Marrakech " :)

Para entrarem no clima dessa viagem, deixo aqui um vídeo da música "Desert Rose - Sting" resgatada pelo nosso amigo Kaue Paiva, que esteve no bando dos brasileiros que viajaram comigo - fomos em dez ao todo. A música pode não ser tipicamente marroquina, mas o Sting tá sendo lembrado pra enfatizar que ele estará aqui em Lisboa ao fim de Junho para nos fazer uma bela visitinha.

http://www.youtube.com/watch?v=O_n6qYkEOvw - Sting - Desert Rose

Uma palavra que pode descrever essa viagem seria "intenso". Já desde o aeroporto sabíamos que para chegar no nosso hostel teríamos que pegar um bus, no custo de 30 Dirhans (3 euros) até a praça principal da cidade, Djmeaa El-Fna e dali teríamos que pedir a um nativo para nos levar até o hostel, pagando pra ele um valor combinado antes. O que no fim custaria algumas moedas pra cada um. Tem que ter memória fotográfica, ou até mesmo fotografar o caminho entre os passeios tortuosos da medina. A gente foi embora e o Fred não aprendeu a chegar da praça até nosso hostel haha. São caminhos por onde não se passa carro... mas não se engane, fique com os olhos bem atentos para captar toda a loucura que é esse lugar. Nós turistas chegando ali desavisados, ainda moles do voo, despertamos com tanta motoca passando pra lá e pra cá, e quem sai da frente tem que ser você. Uma pessoa sai do seu caminho e aparece um menino freando a bicicleta na sua frente. O vendedor chamando você pra entrar na loja, na língua que for. Inglês, Francês (que é uma das línguas oficiais), Português, Espanhol, Árabe... Seja o que for, escolha a língua, eles vão dar um jeito de te entender e se fazerem entendidos. E se tu perguntar o preço de alguma coisa, pechinche, jogue o preço pra menos da metade, segundo eles, esse preço é pra "americano pagar". Nessa negociação tu vai acabar ganhando um mínimo de 30% de desconto, e quem sabe com muita lábia e sorte não ganha 75%. No decorrer da viagem isso já vira até um hobby para si mesmo. É uma forma de socializar com a cultura local também. Foi uma forma também de eu praticar meu francês que há tanto estava enferrujado. Jogava uma palavra em inglês no meio ou outra, mas conseguia. Foi bom! O nosso esquema em grupo também era o seguinte: a gente normalmente tentava comprar em muita gente algum produto ao mesmo tempo, como lenços, essas coisas que todos queriam comprar. Além de ficar mais fácil para abaixar o valor, outra parte do grupo surgia no fim da negociação e apressava o resto do pessoal, assim o vendedor ficava um pouco ansioso e acabava fechando pelo preço que queríamos. Eles odeiam negociar e te ver sair dali sem ter vendido o produto. Portanto, fica a dica para também não sair mostrando interesse em tudo, eles vão te enrolar MUITO. "Quanto quer pagar?" E quando você viu, já perdeu muito tempo ali, os as vezes acaba levando algo do qual nem queria muito pois o cara te enrolou até você gastar. Mas é muito bom perder o tempo por ali, ir vendo os camelôs, as bugigangas para vender, as cores, conversando/negociando com os nativos(...)

Encontrando a porta no meio da medina de ruas apertadas, onde não havia nem céu aberto na tal "rua", e sim um pé direito de 2,20m... você não dá nada pro hostel. Mas o hostel era fantástico! O preço é o preço comum de muitos hostels aqui da Europa - só que fora de alta temporada - 15 euros a noite. Chama-se Equity Point. Lá dentro é lindo, já entra em um hall enorme, os quartos são todos voltados pra um pátio interior com piscina. Há um terraço com vista pra Marrakech, onde servem café da manhã, até com suco de laranja! Que por sinal, em todo Marrocos é muito barato e delicioso. Há bar para comer e beber, alugar arguile/narguile/xixa. E tudo em construção típica marroquina, lindo mesmo. O interessante é que se quiser provar a cerveja local tem que ser ali, na medina não se vende bebida alcoólica, ou então deve sair da Medina. Aproveitamos também para visitar, no pagamento de um ticket: Museu de Marraquexe; Medersa Ben Youssef; Ruínas Koubba Ba'adiyn . São pontos turísticos um ao lado do outro e paga-se por um para entrar no restante.

Nós tínhamos apenas 4 dias lá em Marrocos, chegando ao meio do dia no sábado, e saindo no meio do dia na terça. E como nós queríamos fazer o passeio no deserto, domingo e segunda inteiros seriam dedicados a isso. Fizemos esse passeio através da agencia de turismo local "Ando Voyage". Escolhemos o qual durava 2 dias, pode-se escolher o de 3 dias, que realmente vai pro desertão do Saara. A gente só chegou ao pé do deserto mesmo, mas além de ser mais caro, para fazer esse de 3 dias, deve-se ficar mais tempo em Marrakech, e os vôos do Porto(PT) pra lá são de 4 em 4 dias. Então ou você fica lá 4, ou 8 dias. E ninguém podia ficar lá tanto tempo. Tentamos fazer render o nosso primeiro dia por lá na cidade mesmo. Conhecemos a medina, a praça, seu caos organizado - como tráfegos de cardumes de peixe que nunca se batem - comemos os doces de lá, sorvete de pistache, suco de laranja purinho, sem água ou açucar, pelo preço de 4 Dirhans (0,40 Centimos de Euro), jantamos a famosa Tajina, compramos os lenços, bugigangas, treinamos idiomas misturados, visitamos os pontos turísticos do qual mencionei no parágrafo anterior, museu e mais medina. Rendeu bem o dia!

A cidade divide-se em duas partes: a Medina, ou parte antiga, e o bairro moderno da cidade, chamado Gueliz ou Ville Nouvelle. Mas com o pouco tempo que tínhamos, aproveitamos bem pra conhecer a Medina. Seu coração é a praça Djemaa El-Fnaa, uma das mais movimentadas e animadas praças da África. De dia enche-se de encantadores de serpentes – sim, najas - pessoas com macacos, águia, a vender água, suco de laranja a preço de banana. Nos souqs – mercados tradicionais, adjacentes a praça, localizados na Medina, pode-se encontrar de chaleiras, sapatos, lenços a tajines, doces, luminárias, quadros a animais empalhados ou vivos, o que imaginar. Vende-se até mulher, se quiser.

Ao fim da noite a praça é ainda mais bacana! Uma loucura, imperdível gastar o tempo por lá. Enche-se de milhares de barraquinhas servindo comida, muitas com cabeças de porco expostas na frente. Ocorrem algumas apresentações também, prepare-se para deixar alguns dirhans pra tudo que assistir. A gente comeu lá ao lado da praça em um restaurante relativamente barato. Muito bom.

No primeiro dia a gente já garantiu o passeio indo na agencia e fechando acordo. O que custaria 650 Dirhans (65 euros) para cada, fechamos por 350 (35 euros) por pessoa. Outra vantagem de se estar em grupo grande nesse tipo de viagem.

O passeio funciona da seguinte forma, uma van levará você até a cidade de Zagora, que é onde fica o pé do deserto. E demora um dia inteiro. Acontece que no caminho há várias paradas estratégicas em vilarejos, em cidade onde foi filmado milhares de filmes como O Gladiador, Star Wars (...) em sua maioria filmes com o tema de guerra. Local para apreciar a paisagem, onde há montanhas incríveis, até com neve, pode-se ver pessoas passando com burrinhos, ou vendendo frutas ou azulejos. O interessante é mesmo o caminho. Os vilarejos típicos em especial.

Chegando em Zagora a gente encontra com os nossos amigos camelinhos, ou dromedários - já que só tem uma corcova. E dali a gente anda 1h20 mais ou menos até chegarmos no nosso acampamento. No acampamento é servido jantar, depois tem um luau.

Passa-se a noite ali, de manhã tem um café da manhã apressadinho e já pega os camelos de novo, anda mais 1hr, volta onde uma van irá buscar. A volta é um caminho diferente, paramos em outros lugares, museu do cinema, localizado em uma cidade muito bacana, parada em outro restaurante também muito bom e típico, tapeçaria - uma pequena cilada pra turista, etc. Segunda a noite chegamos podres da viagem ao deserto, que vale super a pena! Foi de mais. As paisagens são um sonho! E nada se compara a viver a efervescência da praça de Marrakech, de dia ou a noite. E não deixamos de aproveitá-la mais um pouquinho. Mas fica a dica: nada é de graça, se vier alguém te oferecendo uma ajuda como guia, uma mulher querendo desenhar sua mão, se tu quiser simplesmente tirar a foto do cara tocando flauta pra cobra naja subir, nada disso é de graça, amigo, eles vão vir te cobrar depois, com cara feia.

Na terça infelizmente não deu tempo de ir onde curtem o couro, nem a nenhum lugar diferente do que já havíamos ido. Então gastamos nossas poucas horas da manhã, antes de ir ao aeroporto, pela medina, trazendo um pouquinho mais de bugigangas. Quem tiver mais tempo pode também visitar os Jardins de Majorelle, onde há plantas de todas as partes do globo, e no seu centro há o Museu de Arte Islâmica.

Foi uma viagem realmente intensa. E por mais que já soubéssemos o que iriamos ter pra fazer cada dia, já que um grupo de amigos nossos havia ido há um mês atrás e nos passaram todas essas dicas, é algo inexplicável o tanto de informação que é preciso captar em alguns segundos, ainda mais informação a respeito de uma cultura totalmente diferente. Foi até estranhamente calmo chegar de volta a Portugal e ver um trânsito controlado, pessoas e comércios sem muito tumulto. Bem por fim, é também gostoso voltar pra casa.

cultura e cultura

nós no vôo :)

Aeroporto, chegada.

Aeroporto

dinheiro local - dirhans. ou como bobamente falávamos "quantos 'cu di rãs'? "

faltando mais bandeirinhas, em especial a do Brasil !!

Torre da praça Djemaa el Fna

tiozão no estilo

Foto de Gustavo Takatori, fotógrafo do grupo :)

Galera no hostel.

Terraço/bar/restaurante do hostel

Terraço do hostel, café da manhã.

Vista do terraço do hostel

Hostel, em frente ao nosso quarto

Macacos piolhentos

Suco fresquinho, quero de novo!

Eu e o casal mais legal, Gabriel e Larissa :)

Najas - essa foto tive que tirar beeem escondida e não foi nem por medo de cobra, não, foi por medo de virem me cobrar mesmo haha.

Gatos, por todos os lados, inclusive dentro do aeroporto, miando em cima das esteiras. Não to brincando.

Quer comprar um camaleão? É possível

Madersa Ben Youssef

textura dos rachados

Lari, Babi, eu, Bela e Lori. Las mujeres do bando.

Ruínas

sorvete de pistache, muiiiito bom, melhor de tudo é o preço :)

doces

praça Djmeaa El-Fna a noite

Tajine

Amanheceu, partida para o deserto.

Marrakech

1 - Tensif -al haouz

2 - Ksar of Ait-Ben-Haddou

3-Sul

4-Agdz

5-Zagora

Início da viageeeem :)

As construções emergem da terra.

Vento forte, montanhas com neve ao fundo :)

Gabriel, Babi, Fred, eu, Loris

curvas de nível

Coca-Cola árabe, tem o mesmo gosto, haha

Vilarejos locais... e turísticos.

Local onde foi filmado um dos episódios de Star Wars. Essa entrada foi construída em especial para o filme.

Galerinha. Kaue, Babi, Loris, Fred, eu. No fundo Bela, Gustavo, Vitinho, Lari

Local onde foi gravado a arena de Gladiador. Além de Prince of Persia e mais uma lista de filmes dos

quais não memorizei tão bem, em sua maioria relacionados a antigos tempos de guerra.

tecendo o tapete

vendedores na estrada

Cenário do palco...

Tâmaras... eram boas!

uma peladinha de domingo

Fato interessante: não consegui bater a foto na hora, mas essa tabela riscada de giz no muro nos chamou a atenção por aparecer em todos os vilarejos por onde passávamos. Perguntamos ao motorista, ele explicou que serve nada mais nada menos como o sistema de votação deles, para o representante local da "cidade". E na época de eleição há também fotos dos aspirantes ao cargo em cada coluna. Impressionante.